O brasileiro (ainda) tem um conceito sofrido sobre empreendedorismo. E essa concepção está arraigada na cultura e em nosso histórico de sociedade. Digo isso, baseado no subtexto do intrigante artigo sobre os Mitos do Empreendedorismo, escrito pelo colunista Marcos Hashimoto para a edição de setembro da PEGN. O professor do Insper aproveita uma matéria da The Economist sobre as crenças norte-americanas para comparar as diferenças entre o que pensam as pessoas nos EUA e no Brasil em relação ao tema. Além das visões na maioria das vezes opostas, chama atenção nas entrelinhas a raiz cultural desse desacordo.
Em resumo, os estrangeiros acreditam em um estereótipo bem ao gosto do cinema, um jovem, heróico, inovador, que constroi um império na garagem e atrai o capital de risco apenas por seu arrojo e ideias revolucionárias. Por aqui, de acordo com Hashimoto, o empreendedor é visto como uma figura já experiente, que tem de se associar a pessoas com capacidade para tornar a ideia realidade e, com frequencia, luta contra a falta de recursos. Mitos à parte, se pararmos para refletir sobre essas disparidades, percebemos que nossa educação nas últimas décadas reforçou a falta de iniciativa empresarial.
Em primeiro lugar, toda uma geração — talvez duas — de classe média cresceu sob a crença de que ser funcionário público era o ápice da vida profissional. Ou que para ter futuro garantido fora dos auspícios estatais só mesmo médicos, engenheiros e advogados. Do mesmo modo, estudar e tocar um negócio próprio se mostravam incompatíveis lá pelos anos 1970 e 1980. Ainda mais estudar para ter uma empresa, o que bate de frente contra o cânone da estabilidade. Esse modo de pensar se consolidou apoiado em décadas de planos econômicos, crises, hiperinflação, burocracia e ditadura.
Mesmo quando analisamos as histórias mais conhecidas de empresários de sucesso brasileiros, vemos que o empreendedorismo não foi bem uma escolha, mas uma condição de vida. Toda essa carga de luta e sacrifício vivida mesmo pelos empreendedores natos reforçou a ideia do negócio próprio como uma espécie de plano B. Ou seja, o escape de uma carreira num beco sem saída, uma opção ao desemprego ou ainda a única oportunidade de ficar rico — isso após ficar sem perspectiva de crescimento dentro da “firma”. Pensar em satisfação pessoal ou profissional ainda passa longe da cabeça da média dos trabalhadores.
Essa visão sobre empreendedorismo, felizmente, começa a mudar a partir da geração dos atuais trintões e, sobretudo, com a geração Y, espelhada nos exemplos e oportunidades da era digital. Por isso, se enxergar uma oportunidade e se atirar à ela lhe parece ainda uma opção radical de vida, talvez seja hora de repensar os conceitos. Ainda dá tempo de se adaptar aos novos tempos.
E você, o que pensa sobre o assunto?
Artigo cordialmente enviado por:
Samuel Ribeiro Consultor Independente http://negociosenetwork.blogspot.com
Obrigado pela oportunidade de compartilhar conhecimentos.
ResponderExcluirEstamos juntos
Sucesso!!!